quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Perfil

A foto onde estou mais bonita de todas as que eu tenho. Foi tirada por minha tempestuosa amiga Hellena, do blog A pé no Pampa.

-Sou deficiente visual. Filha de mãe com baixa visão e pai cego. Creio que no mundo e na universidade deveria haver mais chances, mais acessibilidade e menos preconceito. Gosto de ler/me informar/discutir sobre esse assunto.
-Quero ser professora. Faço Letras Licenciatura Português e Espanhol. Acredito na educação para mudar o mundo e criar consciência nas pessoas.
-Sou feminista. Defendo a legalização do aborto pois acredito que sua proibição não impede que ninguém o faça. Acho que se deve dar condições para que as mulheres decidam sobre seu corpo. Odeio a objetificação e os padrõs generalizantes. Devemos nos orgulhar das diferenças.
-Sou a favor de um estado laico. Sou contra o ensino religioso nas escolas. Creio que deve haver liberdade de crença e de descrença também. E creio que a Igreja não deve intervir no governo MESMO.
-Sou a favor do casamento gay e da igualdade de direitos para pessoas de orientações sexuais diferentes.
-Sou de esquerda. Acho bastante ingênuo, ou melhor, demagógico dizer que todos têm as mesmas chances e podem fazer de suas vidas o que quiserem. Deveria ser verdade, mas não é. Devemos lutar para qu seja.
-Não sei se acredito em Deus. Se Deus existe, porque criou a humanidade? Só para ficar vendo a humanidade sofrer? Racionalmente, não consigo crer na sua existência...
-Eu uso óculos. Quando era pequena odiava isso, ma hoje adoro. Já faz parte de mim, do meu estilo. E adoro aquela música do Paralamas...
-Tenho o cabelo "tóin-óin-óin" e não uso chapinha. Devo admitir que meu amor pelos meus cachos vem da insatisfação de outra mulher com seus cabelos- a minha mãe. Ela tem o cabelo lisinho, bem escorrido. Tanto ouvi ela reclamar daquele cabelo que passei a amar o meu, que é o exato oposto do dela.
-Odeio comida de gente fresca. O meu negócio é feijão com arroz. A minha mãe vive me zuando por causa disso.
-Não vejo graça nenhuma no McDonalds.
-Quase não gosto de música em inglês. Tem algumas poucas exceções dos Beatles, do REM e do The Who. Em compensação em Espanhol só não escuto mais pq não conheço mais. Mas estou sempre procurando.
-Não sou muito chegada em filmes. Deve ser pq sou deficiente visual e os filmes geralmente têm apelo visual forte. Mas nunca fui apaixonada por nenhum filme...
-Curto muito escrever, mas não escrevo muito. Morro de remorso, pq sempre tenho a impressão de que estou deixando de fazer algo da faculdade.
-Comecei a gostar de ler com a Turma da Mõnica (que amo até hoje). Depois fui para o Pedro Bandeira e para os Karas e depois cheguei no Veríssimo, Voltaire, Dostoiévski e etc...
-Sei lá pq gosto de espanhol... Só sei que gosto. Acho que é a identificação com a cultura.
-Sou de Escorpião, ascendente em Virgem lua em Peixes. Acredito em astrologia e a tríade de signos citada me descreve: intensa, imaginativa, e etc...
-Gosto da origem indígena do meu nome Maíra. O Sol dos índios Mairuns... Tenho orgulho do fato de que quem escreveu o livro Maíra foi o mesmo que idealizou as escolas de tempo integral: Darcy Ribeiro. Mas esse orgulho tem algum fundamento?...
-Nasci dia 7/11, Aniversário de León Trotsky e dia da revolução Russa pelo calendário Gregoriano, e no ano de 1988, ano da Constituição vigente no Brasil. "Politiqueira" até na data de nascimento.
-Faço amigos que nem conheço pela internet. Curto bastante orkut, msn, twitter e meu bloguinho aqui, mas deveria dar mais atenção a ele.
-Gosto de ler em voz alta para meus pais e conversar com eles sobre os livros.
-Me interesso por história. Sempre achei interessante.
-Gosto de saber meio por cima essas teorias de física quântica que dariam um livro de ficção científica, como a teoria das cordas. Mas não tenho a pretensão de saber tudo sobre elas. Não levo jeito para as exatas.
-Na área de Letras, o que eu mais curto é Literatura e Formação de Leitores. É muuuito bala.
-Penso em seguir carreira acadêmica, mas só depois de alguns anos como professora. Tudo o que eu não quero é formar professores sem saber como é a prática da profissão. E qdo eu crescer, for doutora e trabalhar em uma universidade federal, vou querer trabalhar com extensão, não apenas com pesquisa. Não acho legal engavetar anos de trabalho em uma biblioteca sendo que poucas pessoas irão ler. Prefiro a extensão, que é contato direto com a comunidade.
-Não tenho sonhos muito diferentes dos sonhos das pessoas normais. Quero me casar um dia, ter um ou dois filhos, ser feliz.
-Quero contribuir para a autonomia de pensamento dos meus alunos, dessa forma contribuir para a sociedade.

Gostaria de deixar claro que essas são apenas opiniões minhas.

Essa sou eu. Pelo menos algumas das coisas nas quais eu acredito.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Culpa Desnecessária

Esta é a CEU, a Casa do Estudante Universitário da UFRGS, na João Pessoa.

-Oi Lia. -Disse a mãe, chegando do trabalho.
-Oi mãe. Vai ficar ocupada agora?
"Você vai me ouvir! Vai me ouvir! Eu consegui o que queria, mãe. Você não vai me impedir."
-Não.
"É agora!"
-Preciso conversar com você. Bem mãe, eu passei no vestibular... Eu QUERO fazer a faculdade.
"Eu vou ir atraz do que eu quero. Eu PASSEI no vestibular. Agora posso ir atraz do meu sonho."
-Como Lia? Vai se teletransportar para Porto Alegre todo o dia?
"Para que ser irônica, mãe? Não faça eu me irritar com você."
-Eu voi ir morar lá, mãe.
"Você vai ter de aceitar isso."
-Isso até tem graça, Lia.
"Será que você não engole que eu vou sair um dia do seu controle? Será que você não aceita que eu conquiste a minha liberdade?"
-Eu posso ficar numa casa de estudantes.
"Eu já me informei sobre tudo. Eu sei o que devo fazer."
-E quem vai cuidar de você, Lia?
"Se você continuar intransigente vou ter de fazer o que preciso sem a sua permissão. Mas no fundo, eu gostaria que você me entendesse."
-Eu sei me cuidar sozinha, mãe.
"Mas eu queria era que você me apoiasse. Mas não vou dar para traz."
-Bem, suponhamos que você saiba se cuidar sozinha: como fico eu aqui, Lia?
"Mãe, eu não vou cair nesse seu jogo. Eu não posso! Não posso! Eu gosto muito de você, mãe. Mas não vou me deixar levar mesmo que eu morra de culpa depois."
-Ah, não faz chantagem, mãe.
"Você está sendo muito cruel. Está tentando provocar uma culpa desnecessária, que não se justifica..."
-Não é chantagem, Lia. ocê é minha única filha.
"Se você não teve mais filhos foi por que não quiz. E você sabe se cuidar sozinha."
-Mas eu não vou desistir do meu futuro, mãe!
"Eu não posso restringir a minha vida a essa cidadezinha onde não tenho chance de progredir. Eu tenho capacidade, posso desenvolvê-la. Quero estudar!"
-Esse assunto morreu aqui, Lia. Você vai ficar morando aqui comigo e vai cuidar de mim assim como eu cuidei de você quando você era pequena.
"Você está me forçando a fazer algo que eu não quero, mãe. Eu vou estudar em Porto Alegre. Eu vou atraz do meu sonho."

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Névoa Branca


Fazia frio dentro de mim.
Algo me incomodava, me fazia ficar desesperada...
Lá fora, tudo continuava terrivelmente impessoal. Injustiças acontecendo sempre. Competição. Pessoas afastadas, umas contra as outras... Só a união mudaria isso. Mas a situação não favorecia a união. Círculo vicioso.
Era nesse mundo que eu procurava meu lugar, meu papel. Não encontrava. Eu estava pensando nisso.
O frio de dentro de mim começou a tomar volume, não parava de aumentar. Uma névoa começou a escapar de meu interior, como água branca de cloro quando derramada.
Essa névoa crescia, se alimentava do frio de dentro de mim. Me envolvia, cada vez mais densa. Lentamente começou a me sufocar.
Tentei aplacar aquele frio. Em vão! O mundo lá fora não emanava calor. O frio não morava apenas no meu interior. O que eu poderiafazer? A névoa continuava a crescer e a me envolver. Era muito maior do que eu. Eu chorava. Acreditava que o mundo impessoal era a causa do meu desespero. Acreditava-me pequena e fraca. Mais do que isso: incapaz. Então ouvi: "Seja forte." Achei que era uma alucinação. Era uma voz grave e bonita que me falava. "Seja forte." Ouvi novamente. Fiquei bastante confusa, mas a névoa pareceu perder um pouco da desnsidade. Parecia que a simples possibilidade de alguém estar me ouvindo diminuiu o frio de dentro de mim. "Essa névoa não irá deixá-la em paz enquanto houver frio dentro de você." "E como faço para me esquentar? O frio está por toda parte." "Pense em algo que dê calor." "Mas o que...?" "Rápido! Senão a névoa volta a crescer." Me disse a voz com urgência. Do nada, comecei a recitar um poema de Bandeira. A névoa ficou mais tênue. "Isso! Continue!" Emendei uma de Drummond. A névoa diminuiu. Continuei por mais algum tempo. Aquela voz sempre me lembrava de que estava me ouvindo. Depois de algum tempo de luta a névoa desapareceu por completo. "Você sempre me ouve?" "Sim pois passei por algo semelhante." "Onde você está?" "Dentro de você." "Como você pôde me ajudar?" "Porque você permitiu." "O que devo fazer para vencer a névoa?" "Pode ser recitando. Mas dev ser algo de que você goste muito. Se não resolver, coloque uma música e cante. E se concentre na canção..."Mas como você sabia o que fazer?" "Eu também sentia frio dentro de mim. Muitas vezes a névoa tentou me sufocar e não conseguiu. Sempre que ela surgia eu cantava. Mas certa vez não consegui controlá-la, então ela me consumiu..." Fiquei espantada! "No entanto muita gente me viu cantar. E minha voz ficará para sempre dentro deles."
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"Eu acredito que a cadência e a harmonia certas no momento certo podem despertar qualquer sentimento, inclusive o da felicidade nos momentos mais sombrios” (Yoñlu)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Te desejo um final feliz, Escola Santa Rita


Eu gosto de falar em Educação. E estou particular preocupada com algo que está acontecendo em Gravataí.
Estão querendo fechar minha saudosa Escola Mun. Santa Rita.
Desde a época em que eu estudava lá haviam boatos de que a prefeitura estava tentando se livrar da escola. Queriam passá-la para o estado, afinal a escola tinha ensino Fundamental e Médio e o Município só é responsável pelo Fundamental. Claro que empurrar uma escola para o Estado assim não é nada fácil. Agora a prefeitura resolveu mudar de tática.
Há algum tempo fui surpreendida com um recado da minha ex professora no orkut. A Sora contava que queriam entregar o prédio da escola para o governo federal para que lá funcionasse uma Escola Técnica. A comunidade, que sempre foi o grande motor daquela escola, reagiu dizendo que havia a possibilidade de se construir o prédio da Escola Técnica no pátio da escola. E é verdade. Me lembro que o pátio era enorme e a maior parte do mesmo não era nem aberta para os alunos no recreio. Não há a nece4ssidade de fechar a escola.
Mas recentemente, assistindo ao vídeo da ANEL sobre a Audiência Pública que houve na Câmara municipal de Gravataí, descobri que a Diretora foi até Brasília e obteve do Ministério da Educação a informação de que ainda não foi decidido se a Escola Técnica Federal irá mesmo para Gravataí. E que se realmente for, será construído um prédio navo para seu funcionamento. Ou seja, se fecharem o Santa Rita será para que nada mais funcione lá.
No Santa Rita estudam cerca de 1700 alunos. Em caso de fechamento, esses alunos serão mandados para outras escolas municipais, e terão de atravessar a "faixa" (Av. Dorival Cândido Luz de Oliveira) para estudar todos os dias. Me lembro que quando eu era pequena, um garoto que ia para escola foi atropelado ao atravessar a Faixa. Fizemos uma manifestação. Foi também uma forma de pressionar a Prefeitura para que entregasse o prédio novo da escola (esse mesmo que hoje querem fechar). O prédio antigo tinha um valão que cortava o pátio, o que era perigoso para os alunos, e corria risco de desabamento. Devemos lembrar também que os pais de muitos alunos não dispõe de tempo para levar os filhos à escola. Precisamos evitar que outros acidentes assim aconteçam.
A prefeitura sempre gostou de se vangloriar de ter uma escola de ensino Médio. No entanto, quando houve a mudança da Escola (em agosto de 1998) foram os professores e um caminhão cedido por uma transportadora que gentilmente levaram os móveis, arquivos e etc. para a escola. A comunidade foi quem sempre esteve, junto com alunos e professores, tocando a escola. Havia um forte clima de democracia, todos éramos ouvidos. A diretoria era bastante aberta. Tínhamos assembléias trimestrais onde fazíamos reivindicações e, em geral, éramos atendidos. As aulas eram críticas, haviam discussões. Era uma escola que essencialmente formava cidadãos.
E a postura da prefeitura nisso tudo foi bastante autoritária. No dia da audiência mandou CCs levarem faixas de apoio ao fechamento da escola! Não quis ouvir a comunidade do Santa Rita. Mas muitas pessoas lotaram a Câmara e demonstraram a verdadeira opinião da comunidade.
Como estou morando em Porto Alegre, não tenho podido acompanhar de perto a "evolução desse quadro". Mas fiz esse post no blog e coloquei no meu perfil no orkut, estou tentando militar à distância. Estou na torcida para que tudo isso tenha um final feliz.

sábado, 4 de setembro de 2010

Uma Gota de Esperantoso


Aí vai meu último conto. Peço perdão, escrevi as pressas com medo de acabar não escrevendo. A inspiração foi esse post do blog Contos do Léo, que eu recomendo que leiam para entender melhor o meu conto. Recomendo o blog como um todo também.

Como em Plantaverde poucos sabiam Esperantoso e os editores que publicavam nesse idioma faziam questão de publicar aos montes, achando que assim todos passariam a querer aprender o idioma, os livros em Esperantoso eram baratos.
Gota quis. Sozinha estudou Esperantoso porque gostava de livros, que no idioma nativo eram muito caros.
E a Gota adorava também a idéia do Esperantoso de unir todos os mundos.
Sua pronúncia ficou perfeita. Sua escrita também. Compreendia mesmo as formações sintáticas mais complicadas. Compreendia o que o escritor quis transmitir mesmo com as aliterações mais peculiares do Esperantoso e adorava reparar diferenças de estilística e estética.
Mas o prblema maior a língua por si só não resolvia. Ela sabia que quase todo mundo ganhava pouca plantaverde trabalhando muito para meia dúzia de seres ganharem demais quase sem trabalhar.
Se a maioria trabalha muito, não chega a ler e por vezes nem a sentir.
Assim, as aliterações, metáforas, antíteses, prosopopéias ficavam bem longe do cotidiano. Seus pais diziam pra arranjar logo um trabalho, sem tentar estudar pra ser professora de Esperantoso como ela queria. Mas se não era pra poder se emocionar um pouco, para que a vida servia? Ela queria ensinar isso. Mas o mundo era tão mecânico...
Certa vez, Gota estava na praça da Coruja, onde os jovens que estudavam E
sperantoso se reuniam para conversar nesse idioma. Apareceram umas pessoas com umas idéias bem malucas. Um projeto de haver salário de 10 quilos de plantaverde para todos no fim do mês. Mas para isso todos precisariam se unir, para criar uma sociedade onde todos poderiam estudar, trabalhar no que quizessem sem pressão, ler, e viver a literatura da vida.
Será que se desse certo ela poderia ensinar seua alunos a viver com aliterações, metáforas, antíteses, prosopopéias? Será que ela poderia transformar a vida das pessoas em um texto um pouco mais rico do que um lista de compras???
E começou a trabalhar para isso. Conversava com um. Depois com outro. Quase ninguém a entendia. Mas aqueles que deram ess idéia à Gota a incentivavam...
Todos dos arredores sabiam quem era a Gota. Sabiam de suas idéias malucas. Sabiam que ela não era muito normal.
Um dia o prefeito baixou o salários dos professores para um quilo e meio de plantaverde. Gota e seus amigos de idéias malucas levaram tampas de panela e colheres para fazer barulho na frente da prefeitura. Os guardas atiraram raios de calor paralizante de cor alaranjada viva para conter os malucos que ousavam
atrapalhar o trabalho do senhor prefeito, que recebia vinte quilos de plantaverde de salário por mês mais benefícios. Nessa hora, Gota entrou em ebulição e virou vapor.
Até hoje não se sabe se Gota virou vapor por causa dos raios ou se foi sua animação na luta pelo que acreditava que a fez ferver. O que se sabe é que depois da primeira chuva que caiu após aquele dia todos começaram a ouvir com maior interesse os malucos que defendiam as mesmas idéias que Gota. Afinal, idéias não evaporam com facilidade.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sobre Acessibilidade

Oiam outra vez gente. Depois de deixar o meu bloguinho pronto com relação à aparência vi que ele ficou bem parecido com o blog que eu mais curto ler, que é o www.escrevalolaescreva.blogspot.com , mas devo admitir que a aparência do bloguinho não me desagradou. Vou tentar escrever outro post então. Tenho coisas para fazer: dois trabalhos de disciplinas diferentes da FACED, dois trabalhos de Teoria da Literatura II (matéria ma-ra-vi-lho-sa!) e a prova de Estudos de José Saramago. Isso me faz sentir bastante culpada por estar aqui, escrevendo no meu blog e não estudando. Mas... nasceu nerd agora aguenta! (hehehehehe)
Saiu no último Jornal da Universidade da UFRGS uma reportagem sobre
acessibilidade. Achei bem interessante: mostraram alguns colegas que eu admiro profundamente por sua força de vontade: Rafa Giguer (def. visual), formado em Engenharia de Materiais e servidor da universidade, André Vicente (def. visual), estudante de Música e Pedro (cadeirante) também estudante de Música. (conheço pessoalmente só os dois primeiros). Claro que muitos colegas que eu conheço que também travam uma batalha diária para estudar não foram citados, mas nem teria como fazer iso... :-) A Reportagem fala dos problemas que ainda existem e das iniciativas que procuram resolvê-los. A principal delas, com certeza, é o Projeto Incluir, onde o Rafa trabalha. É lá que eu faço a ampliação dos textos que leio para a faculdade!
Vejo que o interesse pela acessibilidade e pela educação inclusiva tem aumentado bastante ultimamente. Em Psicologia da Educação tínhamos de escolher um assunto para um trabalho em grupo. Tantas pessoas escolheram inclusão que foi preciso formar dois grupos! O meu grupo falou majoritariamente de formação de professores. Embora haja a consciência de que os professores devem estudar esse assunto, na pesquisa de currículos a Fran da Ciências Sociais que também estava no meu grupo constatou que o máximo que há é uma cadeira de LIBRAS básica em algumas licenciaturas e isso ainda é muito pouco. Também notamos pela manifestação de alguns colegas que eles não estão ainda muito a vontade com a idéia de dar aula em uma turma onde haja um ou mais aluno(s) deficiente(s). Parecem achar que o ideal é que os deficientes fiquem separados do re4stante pois assim seria mais fácil para os professores. Vejo que as pessoas em geral ainda são bastante mal informadas. Elas pensam que para os deficientes TUDO deve ser diferente, mas não é bem assim. A convivência dos deficientes com os não-deficientes pode (e deve) ser mais comum e normal! Mas eu não culpo os meus colegas. Acho que eles têm boas intenções em sua maioria, mas falta terem mais informação, talvez até mesmo mais acesso a ela. Mas isso tem melhorado e tende a melhorar mais.
Como faço parte do Movimento Estudantil de esquerda da UFRGS penso muito seriamente em começar um movimento pró-cotas para Deficientes. Eu sei que a UFPR e a UFSE já têm. Mas será que a UFRGS está pronta para isso? Será que EXISTE esse negócio de "estar pronta para isso"? Afinal, os deficientes encontram barreiras em onde quer que eles vão, o que derruba o argumento "a universidade tem muitas barreiras". Mas, e os surdos, que têm uma dificuldade real de comunicação? Como fariam para acompanhar as aulas? Não poderia ter intérprete de libras? (Já fui aluna de um curso que tinha, funcionava bem lá) Será que não poderíamos abrir discussões?
Eu sou uma deficiente visual light, com poucas necessidades especiais. Mas vejo que, por mais que eu tenha um resíduo visual que me aproxima um pouco das pessoas videntes (como os def. visuais chamam quem tem visão normal :-D) as pessoas não entendem muito como eu vivo. Meu egocentrismo faz com que eu adore contar o que eu já passei e o que ainda passo. Fico feliz com a curiosidade/solidariedade. Estou respondendo algumas perguntas sobre deficiência por msn para o trabalho de um menino e uma menina da Pedagogia. Bem interessante. Eles estão sendo bastante compreensivos com as coisas que eu estou contando e noto um grande cuidado da parte deles ao conversar comigo. (Isso porque eles ainda não sabem que eu adoro falar sobre essas coisas XD.) Mas creio que eles realmente estejam no aminho certo. Espero que consigamos cada vez mais disseminar a conscientização. Gurizada boa, façam como Camila e Thiago!

domingo, 6 de junho de 2010

Quis ser professora? Agora aguenta!

http://www.youtube.com/watch?v=lHrDIm2oYx8&feature=related
Oi Gente. Já faz mais ou menos um ano e meio que não escrevo no blog aqui. Mas voltei a ter idéias e menos remorso de colocá-las na net quando deveria estar estudando.
Faço um curso de
Licenciatura. Boa parte dos meus colegas não gosta muito das cadeiras relativas a Educação, mas eu geralmente gosto. Temos estudado umas coisas interessantes em Organização Curricular. Isso me faz pensar muito em como anda a educação hoje em dia. As escolas privadas geralmente são mais tradicionais, muitas quase um cursinho pré-vestibular em 3 anos no caso do Ensino Médio. As públicas têm propostas normalmente mais inovadoras, mas que não dão certo se o assunto é fazer alguém passar num vestibular altamente conteudista (tipo universidades federais brasileiras). Aí está um dos pontos que faz com que as universidades como a minha querida UFRGS tenha uma grande maioria de alunos de poder aquisitivo de mediano para cima e traz a necessidade da política de cotas.
Claro que não podemos falar na diferença entre as escolas públicas e privadas sem falar também na diferença de investimento. E aí o principal problema é a desvalorização da profissão de professor. Embora um bom material didático, recursos sonoros e visuais possam melhorar a aula, torná-la mais atraente e etc. o que é realmente imprescindível para uma boa aula é a qualificação e a motivação do professor e um bom projeto pedagógico.
Vi que entrelacei dois temas: o do projeto e o dos professores, mas se eu resolver reformular tudo, se me conheço bem, esse post vai acabar não saindo. Então lá vai:
Com relação às escolas, uma amiga minha da faculdade que estudou em escolas particulares e razoavlmente tradicionais me contou que lá ela não aprendeu quase nada sobre socialismo, revolução russa, a queda do muro de Berlin etc. Eu tive uma boa base sobre essas coisas em História na minha escola (que era pública) e em Geografia tínhamos aulas bastante críticas sobre as diferenças entre os países, economia mundial e etc. Sem contar que, no meu saudoso colé
gio Santa Rita de Gravataí tínhamos assembléias trimestrais onde reclamávamos do que achávamos errado na escola, fazíamos reivindicações, conversávamos sobre a relação com nossos professores. Era bastante produtivo. Claro que a escola tinha lá seus problemas. Não tive nem perto do que era necessário de matéria para o Vestibular e era complicado impor disciplina aos alunos. Mas estudar um conteúdo é algo mais fácil de se conseguir sozinho do que conseguir "se formar enquanto cidadão". E disciplina não depende apenas da escola, mas vemos que os pais têm precisado trabalhar cada vez mais para ganhar menos, e portanto têm menos tempo para os filhos.
Quanto aos professores: Assim como médicos, advogados, engenheiros ou arquitetos eles precisam fazer uma graduação com um número X de créditos, precisam aprender a pesquisar com autonomia, precisam fazer um trabalho de conclusão de curso e precisam fazer um estágio na sua área. Mas o piso inicial não chega a 1 mil!!! Sem contar a falta de prestígio da profissão, o que é historicamente explicável. Na época da Colônia, só era professor no Brasil quem não
arranjava coisa melhor. Depois, o Magistério era curso de espera-marido. E hoje em dia ser professor não é algo festejável em lugar nenhum. Logo que eu passei no vestibular, um vizinho meu veio me parabenizar. Quando eu contei que faria uma licenciatura ele me perguntou como alguém tão inteligente quanto eu fez uma coisa tão BURRA! [ironia]Sim, ser professor é muita burrice, pq dá muito trabalho mas não dá dinheiro. [/ironia]
E não bastasse isso tudo ainda tem esse esquema que estão inventando de meritocracia.
MERITOCRACIA?????? Daonde? Dinheirocracia eles querem dizer. Estão querendo fazer uma prova para os professores e os que se derem melhor nelas vão ganhar mais. E quem tiver mais condições é que vai poder estudar mais para essa prova. Ou pq tem empregada em casa e pode passar mais tempo estudando ou pq vai poder pagar um cursinho preparatório (eles pipocaram em todos os Estados que já possuem esse sistema). E aí Mairinha? Durma com um barulho desses. Você resolveu nascer gostando de ensinar e quis ser professora, né? Então agora aguenta!
Mas devo admitir que creio que nem tudo está perdido. Vai ver ando lendo demais. (Faço Letras rsrsrsrsrs) Mas vamos fazendo a nossa parte. Principalmente se ela for dar uma aula conscientizante para nossos (futuros) alunos.